"Raspagens" de verão
O Salvador adora o verão.
Eu também... Não.
Para o Salvador o verão é tudo o que há de bom no mundo:
- Brincadeira todo o dia;
- Praia com os amigos da escola (este ano a pneumonia levou a melhor e ele não foi...);
- Praia com os tios e primos / padrinhos;
- Festas do pijama todas as noites;
- Deitar tarde;
- Levantar tardíssimo;
- Passar 90 % do tempo em que está acordado em modo bacalhau, isto é, demolhado;
- Férias com os pais;
- Passeios a sítios novos e divertidos...
Enfim, é tudo.
Para mim é só dores de cabeça:
- Época de usar bloqueador solar em tudo o que é pele exposta;
- Época de besuntar o Salvador tipo lombo a ir ao forno porque ele ainda é mais branquela que eu;
- Suar em bica ainda agora saíste do banho;
- E... época das "raspagens" ao Salvador.
Leram bem: raspagens.
Não, não tenho qualquer tendência sádica em relação à minha cria (ou ao que quer que seja, só para que conste, OK????).
Mas durante estes meses - que nos últimos anos se prolongam entre julho e .... inícios de novembro - eu não dou banho ao Salvador, eu raspo-o. Literalmente. E nem sempre com resultados visíveis.
- Ai, Mãe!!!!! 'T'as a fazer?
- A lavar-te.
- Assim, com essa força toda?!?!!?
- Sim.
- Mas assim vais tirar a pele a mim....
- Estou a magoar-te?
- Não.
- Então do que é que te estás a queixar?
- De esfregares eu muito!!!
- Temos pena: se te sujasses menos eu tinha menos para lavar!!!
- Tás a esfregar onde dói!!!
- Desculpa, mas esta mancha não sai!!!!
- É UMA NÓDOA NEGRA!!!!!
Perceberam? É isto todos os verões.
O surro é tanto: as marcas do pó misturadas com o suor, um cabelo que parece que acabou de chegar da apanha da batata, os pés mais negros que o próprio calçado.... Este miúdo atrai tanto surro no verão como a parte de baixo da minha cama atrai cotão no inverno.
Eu esfrego, esfrego, esfrego e ele continua sempre a parecer-me encardido, tipo as t-shirts brancas depois de um dia de praia, cheias de manchas dos protectores solares...
É uma confusão de manchas naqueles caniços a que chamamos pernas, que eu nem sei distinguir o que está sujo do que são nódoas negras... ou encardido, como que calejado de andar de joelhos. A sério: quem olhar para o meu filho, parece que o internei num convento onde passa os dias todos a rezar em cima de pedra...
E depois são as birras dos calções, do calçado, das t-shirts preferidas, do «Não quero casaco!!!» e assim que sai à rua «TENHO FRIO!!!»...
No inverno, sempre os vestimos tipo cebola, camada sobre camada. E quando, ao final do dia, os "pelamos", a parte final está sempre imaculada.
Agora o verão....
Cada vez que o vou buscar à escola, só me apetece fugir.
Parece um carvoeiro preguiçoso, daqueles que até de olhar se nota que se sujou só para fingir que trabalha...