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O meu filho dava um livro...

... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..

O meu filho dava um livro...

... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..

Pérolas deste fim de semana

- Já convidaste a Tia para vir ao aniversário do Avô? - pergunta-lhe a Avó.

- Eu????!!!!? - diz ele muito admirado.

- Sim, tu.

- Mas se não sou eu que faço anos....

 

....

 

- Dá lá uns mergulhos, para a Avó ver!! - insiste o Pai.

- Dá tu! Tu é que és filho dela!!!

 

....

 

- Mãe, porque é que vieste deitar-te no teu quarto?

- Porque me está a doer a cabeça e tu estás só aos gritos e aos guinchos lá em baixo. 

- Então eu fico aqui a fazer-te companhia e guincho baixinho só para ti....

 

....

 

- A Avó vai embora?

- Não, Filho. Os Avós vão ficar esta semana connosco.

- Assim... tipo férias na nossa casa?

- Sim.

- Que bom!! Assim também fico em casa...

- Não senhor. Vais para a escola.

- Mas se os Avós estão na nossa casa de férias porque é que eu não posso fazer o mesmo!?!?!!?

 

....

 

- Então, Salvador, quem é a tua namorada? - pergunta a Avó.

- É a Mamã. - responde prontamente.

- A Mamã? A Mamã já é uma velha.... - diz a Avó.

- E então???? 

 

 

Complexo de Édipo

Ontem voltou à carga.

 

Já nem sei bem qual era o tema da conversa, até porque estávamos os dois frente ao meu computador a olhar para os jogos dele.

Por muito que me esforce, não consigo contextualizar, mas segue desde a parte em que me começou a «afetar»:

 

- O que eu gostava mesmo era de estar no lugar do Pai.

- Então vai lá e senta-te no lugar dele.

- Não, Mãe - replica naquele tom de «não percebeste mesmo nada» - Eu queria era ser teu namorado.

- Mas o Pai não é só meu namorado; nós somos casados, ele é meu namorado e marido.

- Mas o Pai podia ser o Marido e eu o namorado.

- Pois sim, esquece lá isso.

 

Confesso que estas conversas me incomodam.

Não sei lidar com este Complexo de Édipo, que demonstra que o meu filho está a ganhar uma identidade sexual.

Bem sei que é normal da idade, mas incomoda-me estar sempre de volta de mim e com estas conversas, o que é que querem...

 

À noite, deitou-se comigo e com o Pai; Eu resolvi fingir que já estava a dormir, a ver se ele sossegava e se o ia pôr na cama dele.

- Pai, posso ser namorado da Mãe?

- Para quê, Filho? A Mãe não precisa, já tem o Pai.

- Precisa sim!!! - afirma peremptório

- Precisa para quê? - insiste o Pai.

- Hã... Hum.... - hesita, para de repente disparar: - Porque só um é pouco. E só um fica com o trabalho todo: fazer o jantar e essas coisas.

- Não precisa nada!

- Precisa sim, a Mãe precisa de mais um namorado!!!

- Um qualquer - pergunta o Pai - Pode ser um qualquer??

- NÃO!!! Só eu!!!

 

Freud, anda cá abaixo ajudar-me nesta....

A escolha certa

Estava no outro dia a pendurar fotos do Salvador quando me lembrei deste episódio ocorrido este ano no Dia da Família.

 

Estávamos na festa do colégio e havia por todo lado molduras com fotos dos alunos, que poderiam a posteriori ser adquiridas pelos pais.

Como eu ainda não conhecia todos os colegas de sala do Salvador – porque, às horas a que o deixo e vou buscar ao colégio, as crianças que lá estão são quase sempre as mesmas – fomos os dois dar uma volta para ele me dizer quem eram.

Até porque no ano 2013/2014 entraram muitas crianças da faixa etária dele.

 

À medida que ele ia identificando os novos colegas, e ia falando um pouco acerca de cada um, volta e meia saía-me um: «Ah, esta menina é mesmo bonita» ou «Que linda, nunca a vi antes!!».

Não sei se incomodado pelos meus comentários às novas amigas – ou se pela falta deles em relação às que já conheço desde o berçário – o Salvador ficou meio estranho.

 

Relembro que já vos contei que ele tem uns dilemas de vida amorosa pouco normais na idade dele.

 

- O que foi, Filho?

- Achas esta menina bonita, Mãe?

- Então não? É bem linda…

- Pronto, Mãe, podes escolher uma tu gostas… - diz ele como se me estivesse a dar um prémio de consolação.

- Escolher uma? Uma quê?

- Uma menina tu gostas, Mãe.

- Filho, eu gosto de todas as tuas amigas, mesmo que não as conheça, como acontece com as meninas que me mostraste nas fotografias.

- Mas Mãe, se tu achas esta mais bonita, podes escolher ela ou outra tu também achas bonita… - insiste.

- Todas as tuas amigas são bonitas, Filho. E não estou a perceber para que é que queres que escolha uma…

- Escolhe uma, Mãe. Uma que gostas. Ficas feliz?

- Se nem sei para que é que estou a escolher…

- Eu deixo-te escolher, Mãe.

- Isso eu já percebi, só não percebi o quê…

- Uma namorada para mim…

 

Deu-se-me um nó no cérebro.

 

- Salvador, podes dar um bocadinho de atenção à Mãe? Ouvires MESMO o que te vou dizer?

- Sim, Mãe.

- A tua namorada és tu que escolhes; tu é que escolhes de quem gostas, não é a Mãe. A Mãe só tem é que gostar da tua namorada, desde que sejas feliz…

- Eu sou feliz, Mãe, muito feliz.

- Isso é que é importante!!! - concluo mais descansada.

- Com o Pai e contigo. Queres ser minha namorada?

 

São umas atrás das outras….