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O meu filho dava um livro...

... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..

O meu filho dava um livro...

... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..

Como é maravilhosa a vida aos 4 anos...

20h30. Sentados no sofá, eu a jogar tablet, ele a olhar para o jogo (sim, continua de castigo...).

Mesmo assim, estranho.

 

- Filho, tens soninho?

- Não, Mãe, eu sou forte.

- Tem sim - responde a Avó (sim, sim, as Avós têm sempre resposta para tudo, até mesmo para o que já foi respondido....)

- 'Tenho nada! - responde ele aos gritos.

- Menos!!! - aviso eu.

 

Dois segundos depois a Avó dispara:

- Tem sono, pois! Então: deitou-se muito tarde e levantou tão cedo, não dormiu à tarde e fartou-se de correr e de brincar com a Rita no parque infantil...

 

(A Rita é a nova amiga do Salvador; para não variar muito, tal como o João, ela também não mora no condomínio. Quem mora é a avó, que fica com ela enquanto a escola não começa.)

 

Nem dois minutos depois, encosta-se a mim, todo torto.

 

- Estás cansado, Filho?

- Não - responde depressa demais.

 

Ouve-se um grande bocejo.

Olho para ele e pisco-lhe o olho.

 

- Mãe - sussurra - eu menti a ti: eu tenho muito soninho.

- Eu sei. Mas não queres ir para a cama, certo?

- Isso!!

- Não faz mal.

 

21h. Tenho o braço todo babado.

Ele dorme a sono solto. Como é que eu sei?: Está a mexer-se, como se nos sonhos andasse ainda a brincar.

 

Levo-o para a cama e deito-o. Nem quando o levo ao wc se manifesta.

 

Ainda bem que o meu Filho é forte e sem sono. 

 

Mergulho para… o castigo

Estava a descansar ao final da tarde, quando ouvi um barulho esquisito.

Pensei: «lá está ele a revirar e a despejar a caixa dos Legos. É bom que depois arrume.» Contudo, a gritaria que se seguiu prenunciava algo de diferente. Mas de tão diferente que nem me passaria pela cabeça…

 

Entram ele e o Pai no quarto, num silêncio sepulcral.

- Mostra lá à Mãe o que é que fizeste.

 

Ele entrega-me o tablet, mas como o quarto estava escuro, não percebi.

- O que foi? – Pergunto

 

O Pai acende a luz e na minha cabeça também se fez luz… antes tivesse ficado “às escuras”.

 

- Salvador, o que é que aconteceu ao teu tablet?!?!? – Pergunto ante a visão de um monitor com 3 arcos como se fossem o arco iris…. Mas de rachas.

- Eu atirei ele.

- Atiraste-o de onde?

- Dali, das madeiras lá para abaixo.

 

«Das madeiras lá para baixo» é do mezzanine para a sala… Um "mergulho" de uns bons 3 a 3,5 metros de altura.

 

- Então e agora, estás feliz? Vais ficar sem tablet, que o Pai e a Mãe não têm dinheiro para te comprar um tablet novo…

- E agora? – Interrompe o Pai – Agora vai ficar no quarto de castigo, a pensar no que fez e não há cá mais tablets ou computadores para jogar para este menino!

 

E ele ficou.

A atirar as coisas todas pelo ar, a chorar de raiva. Não descansei mais.

 

Levantei-me, obriguei-o a apanhar e arrumar tudo e lá ficou sentado na cama a pensar na vidinha… sem tablet.

 

- Porque é que atiraste o tablet? – Pergunto calmamente.

Responde-me com um encolher de ombros.

- Sabes que não vais voltar a ter tablet tão depressa? Esse é que é o teu verdadeiro castigo, não é estares aqui no quarto. O teu castigo é não haver mais tablets para o Salvador, que se comportou como um bebé, a atirar as coisas da varanda, quando na verdade já é um rapazinho com quase 5 anos. – explico-lhe antes de o deixar no quarto sozinho.

 

Fica a olhar para mim, com aquele olhar de carneiro mal morto que todos os miúdos parecem treinados para fazer quando estão de castigo.

 

Tenho pena, porque ele gostava muito de jogar e fazia jogos bastante elaborados quando comparados à idade dele. E já sabia mexer no meu computador e coordenar muito bem o rato...

Mas penas têm as galinhas e, por muito Mãe-galinha que eu seja, nada justifica este comportamento. 

 

 

Ups... Não era para se dizer....

Todos os dias chego às escola e pergunto ao Salvador:

- Então, Filho, como correu o dia?

E ele conta tudo: quando fica de castigo, quando não empresta os brinquedos aos amigos, quando se zanga com eles....

 

Depois, faço a mesma pergunta à educadora, ou a uma das auxiliares, para confirmar as histórias, porque ele às vezes tem uma versão muito "própria" dos eventos do dia.

 

Ontem a resposta foi «Tudo bem», o que fui verificar. Checked!!!

 

Já em casa, sentados no sofá, lembrei-me de um pormenor que a Marta me tinha contado:

- Filho, então hoje um dos amigos magoou-te???

- Pois foi, Mãe, o Dinis deu-me um arranhão e apertou-me com muita força - deu-lhe um valente beliscão, entenda-se.... - que até chorei!

- Mas o que lhe deu para te fazer isso? Fizeste-lhe alguma coisa?

- Não, Mãe! Nada!

- Pensa lá bem: Nada?

- Não!!! - diz irritado.

- O que é que aconteceu, afinal?

- Então Mãe, eu estava sentado de castigo.... - e nisto calou-se. E fixou o olhar no prato.

- Como? Não devo ter ouvido bem?

- ...

- Salvador?

-...

- Salvador, vais contar-me o que aconteceu???

- Eu estava na rua, sentado, e o Dinis veio sentar-se ao pé de mim...

- E desde quando é que vais para a rua para ficar sentado? - interrompo.

- Pronto... - rendido às evidências, continua - eu vou contar, Mãe.

- E não mintas, porque eu vou saber.

- Eu estava sentado de castigo quando o Dinis veio ao pé de mim; eu empurrei ele, porque ele não estava de castigo; ele deu-me um abolescanhãozão (lá está, um valente beliscão...) e 'pois a Marta mandou ele tratar do meu dodói, a pôr gelo nas minhas costas.

- E tu estavas de castigo, porque...???

- Porque desci o escorrega de cabeça.

- E já te tinham dito para não o fazeres, foi por isso que ficaste de castigo?

- Não, ninguém disse-me nada.

- Não??

- Não. Tooodaaa a gente sabe que não se descem escorregas de cabeça, Mãe - só faltou acrescentar o «DAAAAHHH!»...

- A sério? Eu ia jurar que toda a gente sabe que não se mente ou esconde que se esteve de castigo das mães....

- EU CONTEI!!!

- Porque como te descaíste, eu perguntei!! - refuto

- NÃO CAÍ NADA, EU 'TAVA SENTADO!!!

SÓ ME APETECE BATER-LHE!!!!

Virei costas para atender o telefone e deixei o pc... na edição do blog dele.

 

Não foi de modas: nem ele sabe como, foi aos rascunhos e apagou-os todos.

TODOS!!!!!

 

CINCO TEXTOS!!!!

 

ELE APAGOU TUDO!!!!!!!

 

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!

 

Vai de castigo para a cama... e já!!!!!

O que se aprende quando se está de castigo

A conversa começou no regresso a casa mas com uns contornos um tanto ou quanto estranhos.

 

- Mãe?

- Sim?

- P’eciso contar-te uma coisa.

- Vais-me dizer que hoje estiveste de castigo?

- Sim, já d’sseste. Era isso.

- E desta vez foi porque…?

- Num sei. A Marina disse para não mexer num pau que caiu e eu mexi e depois num percebi…

- O que é que não percebeste? Porque é que ficaste de castigo?

- Não!! É que a Marina disse que o meu castigo era não ir ao karaté e eu fui.

- Mas, e depois do karaté, não ficaste mais de castigo?

- (silêncio)

- Salvador, ficaste ou não de castigo quando voltaste do karaté?

- As meninas do ballet já estavam lá no tapete quando eu cheguei…

- E?...

- E depois num lembra-se.

(Que é como quem diz: sei muito bem mas esta parte é melhor não contar)

- E tudo isso por causa de não fazeres o que a Marina diz?

- Sim…

- E foste mexer no tal pau que caiu, certo?

- Não.

- Não?!?!?!? Então que conversa toda foi esta por causa do pau e do castigo!?!?!?

- ‘ Foi nada, Mãe.

 

Não insisti. Chegámos a casa e fui dar-lhe banho.

 

Quando entro no WC, está o amigo sentado na sanita, a ter um ataque de riso.

Quando me vê, fica muito sério e cala-se.

 

- Pode-se saber porquê tanta risota? Também me quero rir! – digo, bem disposta.

- Mãe, tenho um assunto muito sério pa falar a ti.

- Estou a ouvir.

- Mãe, hoje eu andei a cuspir na sanita da escola.

- Como?!?!?!? – devia estar com o meu ar mais alucinado de sempre…

- Mãe, mas não fizemos nada de mal, era só cuspir lá pa dentro!!!

- E porque é que fizeste isso?

- Porque o Francisco chamou a mim para ensinar eu.

- Boa… - digo desconsolada – E tu foste?

- Sim! E cuspimos, cuspimos, escupimos….

- E como é que acabou essa estória?

- A Paula Gomes viu nós e nós ficámos de castigo.

- Então hoje sempre ficaste de castigo?

- Sim. Com o Francisco.

- Por andar a cuspir na sanita?

- Sim.

- E acertavas ou cuspiste a casa de banho ou o Francisco?

- Não, o Francisco é mais grande que eu e ficava só a rir e a empurrar-me…

- E o que é que aprendemos hoje quanto ao andar a cuspir para as sanitas?

- Que é muito divertido, mas que deve ser mais quando acertamos lá dentro no buraco ou mesmo na água!!!