«Gorda a minha alma...»
À Mãe do Mano: Obrigada por me teres lembrado deste episódio.
Aconteceu algures entre final de Agosto e final de Outubro de 2013 e, do que a esta distância me consigo lembrar, foi mais ou menos assim:
- Tudo pronto para dormir?
- Sim, Mãe.
- Muito bem, então vamos pedir ao Anjnho da Guarda para dormirmos bem: «Anjinho da...»...
- ... «Guarda / minha cupanhia / Gorda a minha alma / de noite e de dia / Ámeno».
- A alma não é gorda, Filho. É «Guarda a minha alma»...
- Não é gorda?
- Não. Outra vez: «Anjinho...»...
- ... «da guarda / minha cumpanhia / guarda a alma / noite e dia / Ámeno»!
- «A minha alma», Filho, «a minha alma».
- A tua?
- Não, a tua. Estamos a pedir ao Anjinho da Guarda para guardar a tua alma.
- E a tua?
- E a minha também.
- Mãe... O que é uma alma?
-...
- Mãe?
- Uma alma é o que tu és, Filho.
- Sou nada, eu sou um menino.
- Pois és. Vamos lá outra vez para irmos dormir. A Mãe ajuda: «Anjinho da Guarda...»
- Posso vê-la?
- Quem?
- A alma, Mãe, posso ver a alma?
- Não, Filho. Não conseguimos ver a nossa alma.
- Porquê? Onde é que ela está?
- Está dentro de nós.
- E eu posso vê-la?
- Não, Filho, não se consegue ver.
- E ela está onde, dentro de nós?
- Filho, não se vê... (já a desesperar)
- Mas está onde: está ao pé dos músculos?
- Não, Filho.
- Então ela está onde?
- Está... No teu corpo todo.
- Como o sangue?
- Sim, mais ou menos isso.
- Então,... Posso vê-la?
- Não se consegue ver, Filho.
- Ela está escondida?
- É mais ou menos isso...
- Não mostraste-me ela nos livros do Corpo Humano da Tia Nana e do Tio António!!! (indignado)
- Não estava lá. Lá só estava o corpo.
- E eu tenho corpo?
- Claro que sim!
- Com ossos?
- Sim.
- E tenho um coração?
- Sim.
- E sangue?
- Sim
- E alma?
- Também.
- Eu tenho uma alma??? (em tom de incredulidade)
- Claro, então não pedimos todos os dias ao Anjinho da Guarda para a guardar!?!?!?!?
- Ah... Pois é, pois é...
- E então....
- E quando eu vou ver ela?
(mais valia ter deixado que a Alma fosse gorda....)