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O meu filho dava um livro...

... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..

O meu filho dava um livro...

... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..

O segredo do Avô Jorge

Estava a tirá-lo do banho quando ele olha em volta com um ar estranho e começa:

 

- Mãe - sussurra ele - tenho um segredo pa te contar.

- A sério? Conta lá!

- É um segredo do Avô Jorge!! - continua ele em tom sussurrante.

- Do Avô Jorge?

- Sim....

- Conta!!!

- Hoje eu fui à cozinha pedir bolachas à Avó Lu.

- Sim...

- E a Avó deu-me bolachas das tuas, das Maria.

- E depois?

- Eu fui para a sala e o Avô Jorge disse a mim: «Dá uma bolacha ao Avô»!!

- E então?

- E então eu não dei!!!

- Não deste uma bolacha ao Avô?

- Não!!

- Mas hoje até é o Dia do Pai!!! Porque é que não deste uma bolacha ao Avô??? - pergunto-lhe aborrecida.

- Porque eu só tinha duas bolachas e o pai num é meu!!!!

"Canta os home's de p'eto!!" a.k.a. ... Moonspell

Era a exigência da época, aos gritos para mim: "Canta os home's de p'eto!!"... que durou mais ou menos até... aos dias de hoje!

 

Sim, o Salvador é fã dos Moonspell desde os 2 anos e meio e andei três meses a cantar o "All together now" do anúncio da Optimus do Natal de 2012. 

Mas só podia cantar como os home's de p'eto!!! E fazer os gestos!

«Pom, Pom, Pom", com voz grossa, cara de má e gestos - Eram assim as nossas viagens de carro.

 

Depois o anúncio deixou de passar e ele continuava a pedir que cantasse o «Pom, Pom, Pom» como os home's de p'eto!!! 

 

A Optimus manteve a música e ele procurava sempre os home's de p'eto em todos os anúncios.

Por fim, lá desistiu.

 

Até há 3 semanas.

 

Estava a ler o Lado Lunar do Fernando Ribeiro quando ele vem ter comigo.

- Tás a fazer?

- A ler uma coisa.

- Qual coisa?

- Uma coisa.

- Quem esqueveu?

- O senhor que canta nos homens de preto.

- MOSTA À MIM!!!!

- Está aqui.

(E mostrei-lhe a fotografia do Fernando Ribeiro)

 

- É ELE, MÃE!!!! É ELE!!!

- Pois é!

- Há tanto tempo eu não houve os home's de preto.... Põe pa mim!!!

- Deixa só a Mãe acabar de ler.

- Porque é que tás a ler ele? Ele é teu amigo?

- Não, Filho, mas a Mãe gosta muito do que ele escreve.

- Eu gosta muito como ele canta!!! Eu quero ser um rockista como ele!

(diz ele num estado de excitação que até parece que lhe está a dar uma coisinha....)

 

- Sabes que ele é casado com a Sónia do Factor X?

- A SÉRIO????

(Pela cara dele até parece que acabei de lhe dizer que lhe vou oferecer um elefante - sim, ele ia delirar, mas não temos espaço...)

 

- Sim.

- Eu gosta tanto da Sónia, Mãe.

(Diz com voz melosa... O que vale é que ele ainda só vai fazer 4 anos e não constitui qualquer tipo de ameaça para o Fernando)

 

- Eu sei, Filho.

- E ela cantava aquela música tu ouvias quando eu era bebé.

- Pois é.

(Sou fã dos The Gift desde sempre e a música deles acalmava-me nos primeiros tempos de recém-maternidade...)

 

- Achas que eles podem vir cá a casa cantar pa mim?

- Não, Filho as coisas não são assim.

- O Pai fazia almoço pa eles e depois eles cantavam pa mim!!!

(Para o Salvador não há nada que não possa acontecer desde que precedida por um almoço maravilhoso do Pai)

 

- Ouve, a Mãe vai pôr os Moonspell como tu gostas, está bem?

- Quem?

- Os Moonspell.

- Moonspell???

(Isto dito à sopinha de massa tens mais piada, acreditem....)

 

- Sim, é como se chama a banda de música que tu dizes que são os homens de preto.

- Mas põe com a menina, aquele muito grande só com eles!!!

 

E ouvimos 5 vezes seguidas o anúncio de Natal da Optimus de 2012....

E 7 vezes os Duetos Improváveis com a Carminho e os Moonspell.

 

- Mãe, agora cantamos nós!

- Está bem.

- Tu fazes a menina e eu sou o Fenando dos Moonspell

(Nunca mais foram os home's de p'eto... Com muita pena minha, confesso)

 

- Mas a Mãe é que tem uma voz como a do Fernando!!!

- Pois tens, mas eu não faço de menina e quero fazer os «Pom, Pom, Pom»!! Eu é que sou o rockista e toco guitarra de picos!!!

(Nada de mais, hein? Passou uns meses depois deste Natal em que, quando fosse grande, queria ser uma rena do Pai Natal todo o ano...)

 

E lá foi o concerto caseiro. Com guitarra, gestos e tudo!!

E mais não sei quantas viagens de carro comigo a fazer de Carminho.

 

Até que um dia....

- Mãe, podes fazer de Fenando.

- Então e tu fazes de Carminho?

- NÃO!!! - diz ele como se isso fosse, desde sempre, uma daquelas coisas impossíveis tipo dormir na Lua - Eu faz os «Pom, Pom, Pom»!!!

- E porque é que eu já posso ser o Fernando?

- Po'que não fazes nada bem da menina!!!!

 

É caso para dizer.... «POM, POM, POM»!!!  

 

As conversas são como... as pilhas Duracell

Deitados na minha cama, às 21h50:

  • Eu já meio desmaiada;
  • Salvador completamente a «fritar», mais parecia que tinha enfiado os dedos numa tomada elétrica.

 

- Mãe, porque é que a Avó Lu e o Avô Jorge vão embora?

- Porque têm que ir ao senhor doutor.

- E pode vir a Avó Lela e o Avô Quim?

- Não, Filho, agora não podem.

- Mas eu tenho saudades deles.

- Eu sei, Filho, eu também tenho mas não pode ser, os avós não podem andar sempre cá e lá.

 

(1,5 segundos de silêncio depois....)

 

- Mãe?

- Sim?

- Eu também tenho muitas saudades tuas. Podes não ir trabalhar e ficamos os dois sempre em casa?

- Não, Filho, não posso deixar de trabalhar, a Mãe já te explicou porquê.

- Para não ficarmos pobres e sem casa?

- Sim, para nunca ficarmos pobres e sem tostão para comer.

- E eu também vou ter que começar a trabalhar?

- Não!!!

(Porque é que eu ainda não fui capaz de lhe explicar convincentemente que ele não vai receber salário por se apresentar todos os dias no colégio?!?!?!?)  

- É por isso -continuo eu - que não podemos ficar em casa: tu tens que ir crescendo, tens que ir à escola e tens que ir vendo, entre todas as coisas giras que aprendes, o que queres fazer quando fores grande para trabalhares e ganhares tostão.

- Mãe, mas eu já sei !!! – diz num tom como se eu fosse uma verdadeira atrasada mental - Quero ser veterinário de elefantes, girafas e zebras.

- Então… Ou vais trabalhar no Jardim Zoológico ou em África.

- África é muito longe e eu depois choro com saudades vossas.

- Pois, mas esses animais não são domésticos e não existem por aí.

 

(2 segundos de silêncio depois...)

 

- E tu, Mãe, o que é que queres ser quando fores grande?

(Ainda não percebeu que, além de me estar sempre a dizer que estou a ficar velha, também já sou «grande»…)

 

- Quero ser escritora; escrever estórias para ti e sobre ti.

- Mãe, então quando chegares lá diz-me que eu já não vou ser veterinário.

- Então vais ser o quê?

- Vou ser contador de histórias: vou ler as histórias que tu escreves aos outros meninos. Só tenho que aprender a ler primeiro, tá bem?

- OK… (Comovida até à raiz mais profunda dos cabelos)

- Mãe, podes começar já a escrever?

- O quê? (mas no sentido de WHAT?!?!?!?)

- Uma história do Gato das Botas ou parecida, mas sem monstros; Outra só de monstros; Outra de…

- Filho… Dorme, está bem? Foi para isso que viemos para a cama…

 

(Se é para ser um pau mandado deste mono-democrata e só escrever o que me encomendar... Prefiro ficar apenas por manter este blog e nunca «chegar lá!! ;) )

Governo Sombra doméstico

Não consigo acompanhar quem é que está a que momento no nosso Governo.

Partindo deste pressuposto, nem sei quem é o nosso Governo Sombra.

 

Domesticamente falando, o cenário é outro.

 

Somos comandados por um híbrido de Big Brother com Governo Sombra.

 

Do seu pouco mais de metro, ele controla e vigia tudo:

 

1 - Viro costas e ele apoderou-se do meu portátil e está a jogar jogos com animais, fazendo com que esteja a escrever este post no portátil do Pai;

 

2 - Onde quer que eu vá, tenho que ter muito cuidado: um passo em falso e... estou a pisá-lo;

 

3 - Sempre à escuta, ouço-o replicar coisas que eu nem sonhava que tinha dito, quanto mais que ele tinha ouvido, tipo revista cor-de-rosa em dia de saída para as bancas;

 

4 - Ele está onde eu nem sonhava que ele estivesse, até mesmo na casa de banho enquanto estou no duche;

 

5 - Sem que nos tivéssemos apercebido, é ele quem governa o povo cá em casa: Controla a TV, o que se come, os horários de dormir, as finanças, os tempos livres.... TUDO!!!

 

Deixo, por isso, um recado ao Governo Português...

 

Se acham que controlam a minha vida, tenho novidades para vocês: O TANAS É QUE CONTROLAM!!!!

 

Para conseguirem essa proeza, ainda têm muita Cerelac para comer até vencerem o temível mono-democrata... SALVADOR!!!!!

Sem neve não há boneco, ok????

Ensinou a Avó a jogar no tablet, deixou-a e veio sentar-se ao meu colo a ver-me jogar Cradle of Rome 2.

 

- Isso é gelo, Mãe?

- É.

- E a neve é fria como o gelo?

- Sim.

- Mas podemos brincar com ela com luvas quentinhas, não é?

- Claro.

- Achas que podemos fazer um boneco de neve?

- Podemos.

- Então anda, Mãe.

- Agora?

- Sim!!

- Filho, não há neve, logo não podemos fazer um boneco de neve.

- Podemos fazer um de puré como a Docinho de Morango fez.

- A Toucinho de Morango? Quem é essa?

- Docinho, Docinho de Morango e é dos 'zenhos animados.

- Filho, se fizermos um boneco com puré, passa a ser um boneco de puré e não um boneco de neve.

- Não, era um boneco de neve de puré!!!

- Salvador, se é feito de puré, é um boneco de puré.

- Então... E se fizéssemos um boneco de neve de madeira?

- Aí era um boneco de madeira, como o Pinóquio, e não um boneco de neve.

 

Entretanto, desligo o jogo porque a conversa estava a ficar cansativa....

 

- Mas podemos fazer um boneco de neve?

- Sim, com neve.

- E como é que se faz?

- Fazes duas bolas de neve grandes, uma delas mais pequena para ser a cabeça...

- E se fizessemos de puré?

- Como?

- Com puré, Mãe. Duas bolas de puré para fazer um boneco de neve!!!

- Vamos a ver: primeiro não tenho como cozinhar tanto puré para fazer duas bolas assim tão grandes, e, como já te disse, se fizermos um boneco de puré...

- «Não é um boneco de neve e é de puré»!!!

- Vês como sabes?!?!

- E se fosses comprar neve?!?!?

- Não há neve à venda e já é muito tarde.

- E se fossemos nós à neve???

- E se fossemos dormir?!?!?

- OK, fazemos com puré...

 

Resumindo: vou deitá-lo.

Esta conversa - e a mania igualzinha à minha de querer ter sempre a última palavra - está a enlouquecer-me...

 

Mesmo sem pêlos... Ele fez a barba!!!

Cheguei a casa já passava das 21h.

 

Entrei na sala e ele estava com os Avós e o Pai e, ao contrário do que é normal, não me veio cumprimentar.

 

Olhei mais atentamente.

Pensamento n.º 1: Ele tem sangue na gola da camisola!

Pensamento n.º 2: Desta vez não estás queimada, tens mesmo os miolos fritos, pá!!

 

- Salvador, não vens dar um beijinho à Mãe?

 

Aproximou-se lentamente.

 

Constatação de facto n.º 1: Ele tem um penso no queixo!!

Constatação de facto n.º 2: É mesmo sangue na gola da camisola!!!

 

(AAAAAAAAHHHHHHHHH!!! Pânico!!!!)

 

- Filho, o que é isso no queixo?

 

Silêncio.

 

Foi a Avó que contou que, enquanto ela lavava os dentes, ele, nas costas dela, debruçou-se para chegar ao outro lado da banheira, pegou na minha gillette e abriu um corte no queixo.

 

Drama de faca e alguidar, claro, que o amigo adora sangue, mas dele nem vê-lo...

 

Estava tão constrangido que nem insisti no tema.

 

Quando o fui deitar, então sim, abordei a questão:

- Filho, dói-te o queixo?

- Sim, Mãe. Vou dormir com o penso?

- É mellhor... Para não abrires o corte.

- Pois é...

- Filho?

- Sim, Mãe?

- Em que é que estavas a pensar quando fizeste isso com a gillette da Mãe?

- Eu pensei: eu vai fazer a barba!

- Mas não tens pêlos, Filho!!!

- Foi por isso que eu cortou-se?

- Sim. Por isso e porque não se mexe nas coisas do Pai e da Mãe.

- Tu fazes a barba com aquilo?

- Não Filho, a Mãe não tem barba.

- E o Pai faz com quê?

- Com a máquina.

- Ah, devia ter feito com máquina; aquela tua coisa é para meninas...

Cheira bem... No sítio errado

O Salvador tinha pouco mais de um ano.

Sei porque não andava assim há tanto tempo quanto isso, e eu estava habituada a que ele - mais ou menos - ficasse no sítio onde o deixava.

 

Fui à cozinha preparar-lhe o lanche, quando ele aparece ao pé de mim a chorar e de boca muito escancarada.

Nunca o tinha visto de boca tão aberta, pelo que estranhei.

A minha reação foi baixar-me, dar-lhe um abraço e tentar acalmá-lo.

 

Ele já dizia umas coisas, pelo que lhe perguntei:

- O que foi, Bebé? Porque estás a chorar, conta à Mamã…

E ele apontava para a boca e as lágrimas caíam.

Foi quando me aproximei da boca que percebi: o amigo exalava um cheirinho maravilhoso… a sabonete!

 

Tentei acalmá-lo, peguei-lhe e fui-lhe lavando a língua.

Quando parou de chorar, pedi-lhe que me mostrasse o que é que tinha andando a fazer.

 

Levou-me à nossa wc e apontou para o sabonete. Estava todo amassado pelo que me alarmei ainda mais.

- Estiveste a comer sabonete?

- Nã!! Axim, Mã - e imitou o gesto de lamber.

- E foi bom?

- Nã!! – e recomeçou a chorar.

- Pronto, Bebé, já passou. Não chores, está bem?

- Nã!!

- Não porquê?

- B’incar xem boca, xó mãos, xim?

 

Estava na hora de ponderar comprar-lhe plasticina, agora que ele já tinha percebido que há coisas que não são para pôr na boca ou lamber…

E na hora de eu me mentalizar que se me tinha acabado o sossego!

A odisseia do Ranhoso Homem Aranha

Foi um prodígio mas ele lá foi para o colégio mascarado de Homem Aranha.

Prodígio sim, porque arranjar forma de esconder meio metro de tecido a mais em cada perneira, numa pessoa como eu, é um milagre sem explicação.

 

E ele lá foi, «para o mais feliz dos dias de Carnaval de todos os carnavais»!!

(Isto dito por quem só se lembra do Carnaval do ano passado tem o seu je ne sais pas quoi que, ainda assim, me deixou a morrer de alegria)

 

Portanto, a ida não foi problema; a estória já é outra quando falamos no regresso...

 

Assim que entramos no carro, ainda eu não tinha fechado a porta...

- Mãe, tenho uma notícia pa te dar!!

- E com essa alegria toda deve ser mesmo importante!

- Impo'tante não, mas muuuuu'to fixe!

- Ah, sim, e qual é?

- Hoje não fomos às aulas!!! Foi só brincar!!!

 

(Às 2ªs feiras é dia de Inglês, música e terapia da fala... ele fala uma espécie de dssopinha de madssa com chuva de perdigotos à mistura, pelo que vamos tentando corrigir... Continuando!!!)

 

- Isso é que foi, hein!

- Pois foi!! Muito divertido, Mãe!! Até só fiquei uma vez de castigo!!

 

(Pronto, tinha que ser....)

 

- Ficaste de castigo? No dia de Carnaval em que só se brinca?

- Sim, foi o qu'ô disse.

- E pode-se saber como é que isso aconteceu?

- Pus se'pentinas na boca da Diana.

- Fizeste o quê? - pergunto eu, tentando imaginar a cena e qual o sermão que lhe iria dar a seguir.

- Se'pentinas, aquelas fitas de papel, sabes?

- Sei.... - Continuava sem conseguir imaginar a coisa...

- Pus se'pentinas na boca da Diana.

- Mas porque é que foste fazer isso?

- Num sei!!!

- Os outros meninos também andavam a fazer isso uns aos outros?

- Não, Mãe, qu'isparate!

- Então se é um 'isparate porque é que o fizeste? 

- Ela também pôs a mim!!!

- Mas antes de tu pores a ela?

- Não.

- E só tu é que ficaste de castigo?

- Sim.

- Mas o que é que te passou pela cabeça para fazeres uma coisa dessas???

- Passou eu pensar: «se calhar isto é divertido»...

- E achas que a Diana achou divertido?

- Não. E eu também não.

- Não porquê?

- Porque fiquei de castigo.

- Só por isso???

- E queres qu'eu diga mais o quê?

OK, esta deixei de retórica... já nem respondi.

 

Estávamos quase a chegar a casa e fui logo avisando:

- Salvador, é para sair rápido do carro porque a Mãe está aflitinha para fazer chichi e não podemos demorar!!!!

- Podemos sim: eu mando-te um super poder de Homem Aranha!

- Tu o quê?

- Mando-te um super poder de Homem Aranha!!!! 

- E em que é que isso me ajuda a não fazer aqui chichi???

- É uma super teia, tapa tudo!!! DAH!!!

Não quis nem imaginar a cena....

 

Depois de uma grande batalha para o levar para o banho, começa aos gritos quando o estava a vestir:

- O que é que se passa?

- TENHO RANHO!!!

- E então, não à lenços de papel nesta casa?? Vamos lá assoar!

- TENHO RANHO!!! - não parava ele de gritar.

- Mas qual é o problema???

- E agora sou que super herói: o Super Homem Aranha ou o Ranhoso Homem Aranha!!?!!?!? Sou quem!?!?!?

 

Não lhe respondi, mas pelo título acredito que já adivinharam para onde foi o meu voto....

A campainha tocou?: A pizza chegou!!!

Isto de morar longe da família e da maioria dos amigos começou a revelar consequências nefastas no Salvador tinha ele uns 2 anos e meio.

 

Cada vez que tocavam à campainha a reação dele, independentemente da hora, era sempre a mesma: saía a correr para a porta de casa enquanto gritava «É o home da pizza!!!! HEI!!!!»

 

Hoje em dia já pergunta: «Quem é, Mãe: o senhor da pizza, o da MEO ou o da ZON?»

 

Das duas uma: ou arranjamos uma vida social ou desligamos a campaínha e acabaram-se as pizzas ao domicílio...

E a «Quinta do Tio Manel» a minha cabeça levou....

Ontem de manhã a «Quinta do Tio Manel» começou durante o pequeno almoço, com todos os «IAH IH AH OH» a entrarem na minha cabeça que nem punhais.

E se a quinta tinha animais.....

Até uma galinha de Angola o Tio Manel tinha no raio da quinta!!!

 

Quando entrámos no carro para ir para a escola, calou-se.

 

YESS!!! - pensei eu: acabaram-se os animais da quinta!!!

 

- Mãe?

- Sim?

- Sabes mais animais da quinta?

- Não, Filho, acho que já os disseste todos.

- Também acho!! - disse em tom orgulhoso

 

E eis quando senão....

 

- «O Africano tinha uma savana / IAH IH AH OH / E nessa savana havia um leão / IAH IH AH OH (...)»

 

E a savana do Africano teve animais suficientes até chegarmos à escola... o que demorou sensivelmente 20 minutos.

 

Quando o deixei, a minha cabeça parecia uma peneira... de tanto «IAH IH AH OH» e rugidos e rosnados.... Até o tipo de cobras ele diferenciou!!!

 

Acho que no meio de tudo ainda tive muita sorte: se ele resolve escolher «O Paleontólogo foi ao Jurássico», não sei se tinha sobrevivido para ir trabalhar....