... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..
... e vários filmes!!! Num elenco de luxo, temos como protagonista Salvador, nascido a 28.04.2010, em cenários da vida quotidiana. Registado no nosso dia-a-dia, por isso aconselha-se alguma prudência quando imaginar as cenas descritas: são bem reais..
Estou a chocar uma gripe «daquelas», com direito a dores de ouvidos e tudo o mais. A fim de inverter a tendência, achei melhor não sair de casa este fim de semana.
Com uma dor de cabeça brutal desde ontem, resolvi tentar fazer um pouco de «mappling» esta tarde. Eis quando ouço a seguinte conversa entre o Salvador e o Pai:
- Pai, podemos ir passear?
- Não, Filho.
- Vá lá, Pai.... (em tom de súplica)
- Filho, não vês que a Mãe está doentinha?
- Sim, mas vamos tu e eu passear e, quando voltarmos, damos um beijinho à Mãe.
- E a Mãe, coitadinha, deixamo-la aqui sozinha?
- Sim.
- Mas a Mãe está doente, não se pode deixar a Mãe aqui sozinha.
- O que é que a mãe tem?
- Já te disse, está doentinha.
- Sim, mas o que é que a Mãe tem?
- Tem um dói-dói.
- Sim, mas tem um dói-dói onde? O que é a Mãe tem?
- Dói-lhe a barriga...
- Então acorda ela, diz a ela para ir fazer cócó para podermos ir passear!!
- Mãe, hoje podemos contar uma história a caminho da escola?
- Sim, Filho.
- Começo eu.
- Como quiseres.
- A história vai chamar-se «a águia bebé que não sabia o caminho para casa».
- Muito bem.
- Então é assim: Era uma vez uma águia bebé pobre que não sabia o caminho para casa.
Como íamos no carro e as estradas são tão boas, mal o consegui ouvir pelo que, para ter a certeza que ia acompanhar a saga desde o início, perguntei a fim de confirmar:
- A águia era pobre?
- Sim, Mãe. Mais ou menos... (silêncio)
Olhei pelo retrovisor e ele estava com um ar estranho. O silêncio prolongava-se pelo que decidi verificar que ele me tinha ouvido:
- Filho!?!?!
- Sim, Mãe?
- A águia era pobre, certo?
Mais silêncio.
Estava com aquela cara n.º 34, aquela que faz quando está perante um dilema.
Por muito que desse a volta à cabeça, não percebia qual era o problema com a minha pergunta (eram 7h40 da manhã, dêem-me o devido desconto...).
Pouco depois cheguei lá: ele pensava que eu o estava a questionar quanto à aplicação do estado de ser pobre a um animal, que, como ele bem sabe, - porque sabe mais sobre animais que qualquer um de nós lá de casa - não têm dinheiro e, por enquanto, ele apenas reconhece a pobreza como consequência da falta de dinheiro (e ainda bem, porque quando conhecer a pobreza de espírito, enfim...)
Esperei mais um pouco e voltei à carga:
- Filho, a águia era ou não era pobre?
- Mãe, eu sei que disse que sim mas agora é não.
- Então?!!?!?
- Vou começar outra vez: Era uma vez uma águia bebé, coitadita, que não sabia o caminho para casa...
Até as lágrimas me vieram aos olhos com o esforço para não me rir!!!!
Confesso que metade da história ficou por ouvir: A isto se chama dar a volta ao texto, quando o conceito não se aplica ao contexto!!!
Claro que podia ter-lhe explicado que bastaria tão simplesmente dizer «era uma vez uma pobre águia bebé...», tal como ele ouve noutras histórias e agora tentava replicar na sua...
... Mas isso estragaria a surpresa que ele vai ter quando descobrir a quantidade de pessoas, como as que nos governam, por exemplo, que tendem a não compreender conceitos e contextos em que os aplicam, tipo confundir a estrada da Beira - que aconselho a tomarem como ponto de passagem para nos deixarem em paz - com a beira da estrada, aquele local onde, se continuarem assim, nos vão deixar a todos de mão estendida....
Convenceram-me: tenho mesmo que registar os diálogos hilariantes - ou nem por isso... - com o Salvador.
Isso, e porque esta torna-se uma maneira mais fácil de partilhar os «filmes» do dia-a-dia com um público fiel que sempre me pergunta pelos episódios do dia anterior e dessa manhã.
Vou criar Tags de acordo com a idade dele, para que possa registar episódios que já estiveram «no ar» há uns tempos mas que merecem ser registados para a posteridade... tanto mais não seja para os «fãs» que apenas chegaram agora ao universo Salvadoriano que é a minha vida.
Depois de ter resistido durante tanto tempo... Vamos a isso!